Um esgotamento mental por motivos profissionais foi o impulso para que psicóloga Iara Sobrinho transformasse um projeto de MBA em uma startup voltada à qualidade de vida nos ambientes de trabalho. Em 2020, ano de isolamento e início da pandemia, Iara levou para sua pós-graduação em Inovação e Gestão de Pessoas na PUC/RS uma ideia que levou, posteriormente, à criação da Floway, uma startup com base em Florianópolis (SC) que oferece certificação e mapeamento em segurança psicológica e de felicidade no trabalho, além de treinamentos de cultura e liderança para empresas.
“Andava cansada, com indicativos de que se continuasse naquele caminho cairia em um burnout. Foi quando decidi refletir sobre a prática, com orientação e apoio, e criei um projeto de educação corporativa que resolvesse problemas de segurança psicológica e bem-estar na rotina das empresas”, conta Iara. Apresentado como trabalho de conclusão do MBA, a ideia foi bem avaliada.
Com experiência em cultura organizacional, segurança psicológica e felicidade no trabalho, Iara saiu do emprego antigo, buscou pessoas nas áreas de marketing, comercial, tecnologia da informação e educação corporativa e começou a “rodar” o ecossistema inovador de Santa Catarina buscando mentorias e aceleração: nesta jornada, passou por programas como Sebrae Delas, Sebraetec, Sebrae Agente Local de Inovação, 49 educação, BRDE Labs e Mulheres + Tech 2022. Neste último, recebeu para a Floway um aporte da FAPESC, Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina, para desenvolver uma plataforma de coleta de dados para os mapas organizacionais e as certificações em segurança psicológica ou de felicidade no trabalho.
A ideia deu certo e, de lá para cá, a empresa cresceu 300% em faturamento até setembro de 2023 em comparação a 2022. Atualmente, conta com 17 clientes e a expectativa é chegar a 60 em 2024.
Para criar os mapas organizacionais, a startup usou os conceitos de Felicidade Interna Bruta (FIB) – existente desde os anos 1970 para medir a felicidade nos países – e “Segurança Psicológica”, desenvolvida por Timothy Clark, considerado um dos principais fator para obter times inovadores e com alta performance. “Dados não mentem, mas também não sentem. E muitas vezes seu uso pode ser reducionista se não for bem aplicado. Existem milhares de pesquisas gratuitas na internet, mas poucas têm validação científica sobre a sua eficácia”, completa a empreendedora.
De acordo com o relatório “State of the Global Workplace 2023”, da Gallup, o nível de engajamento de colaboradores na América Latina é de 31%, contra os 69% de pessoas desengajadas. A Gallup estima também que o baixo engajamento custa à economia global US$ 8,8 trilhões e representa 9% do PIB global – sem contar os altos índice de estresse (44%), que reflete no trabalho, na economia e nas organizações.
A startup faz uma coleta de dados anônima para que colaboradores se sintam seguros em responder. “Alguns empresários procuram o mapa para se certificar de que suas ações de cultura trazem os resultados esperados, para manter o time engajado e mostrar se as pessoas estão felizes em fazer parte da empresa. Outros priorizam a inovação e abertura ao aprendizado, mapeando os índices de segurança psicológica de sua cultura”, explica.